“Cidadania participativa e ações sustentáveis"

Bacias de Evapotranspiração

PROJETO DE BACIAS DE EVAPOTRANSPIRAÇÃO (BETs)

1. INTRODUÇÃO

Considerando que a qualidade de vida está diretamente relacionada ao tratamento de esgoto e que por durante muitos anos o tratamento de esgoto tem sido considerado apenas pelo ponto de vista sanitário e não ambiental, já que envolve um problema de saúde pública causado pela emissão de esgoto não propriamente tratado, propomos o tratamento individual olhando para a população a partir da visão micro e não macro que se tem sobre a cidade.

Toda coleta de esgoto já é privada, ou seja é o morador quem constrói as saídas de seu esgoto até a rede pública, o que se apresenta é então o tratamento desse esgoto de forma segura, simples e relativamente barata, para o morador.

O lançamento do esgoto (tratado ou não) entretanto é feito diretamente no meio ambiente, causando assim contato e eventual contaminação de córregos, rios e lençol freático.

As BETs, Bacias de Evapotranspiração já são utilizadas em muitas cidades do Brasil como forma de tratar os resíduos de esgoto domésticos, pois são construções de alvenaria nas próprias residências que não são servidas de coleta de esgoto por meio de prestadora de serviço municipal.

2. APRESENTAÇÃO

As BETs como já informado, são construções em alvenaria que, uma vez terminadas recebem plantas bananeira, e daí serem também chamadas “Fossa de Bananeira” conforme desenho que se segue :

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Aqui, vemos então um sistema fechado de tratamento de águas negras, ou sejam, as provenientes de descarga de vasos sanitários. Esse sistema não gera nenhum efluente e evita a contaminação do solo e lençol freático. Aqui os dejetos humanos são utilizados pelas plantas na forma de fertilizantes e a água é evaporada pelas folhas da bananeira, liberando no meio ambiente apenas vapor de água.

3. FUNCIONAMENTO E PRINCÍPIOS

Apenas a água negra deva ser direcionada para a BET.

A Água Cinza, proveniente de pias, chuveiro, máquinas de lavar roupas, devem ser direcionadas para outro sistema.

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a) Fermentação
A água negra é decomposta pelo processo de fermentação (digestão anaeróbia) realizado pelas bactérias na câmara bio-séptica de pneus e nos espaços criados entre as pedras e tijolos colocados ao lado da câmara.

b) Segurança
Os patógenos são enclausurados no sistema, porque não há como garantir sua eliminação completa. Isto é realizado graças ao fato da bacia ser fechada, sem saídas. A bacia necessita ter espaços livres para o volume total de água e resíduos humanos recebidos durante um dia. A bacia deve ser construída com uma técnica que evite as infiltrações e vazamentos.

c) Percolação
Como a água está presa na bacia ela percola de baixo para cima e com isso, depois de separada dos resíduos humanos, vai passando pelas camadas de brita, areia e solo, chegando até as raízes das plantas, 99% limpas.

d) Evapotranspiração
Este é o principal princípio da BET, pois graças a ele é possível o tratamento final da água, que só sai do sistema em forma de vapor, sem nenhum contaminante. A evapotranspiração é realizada pelas plantas, principalmente as de folhas largas como as bananeiras, mamoeiros, caetés, taioba, etc. que, além disso, consomem os nutrientes em seu processo de crescimento, permitindo que a bacia nunca encha.

e) Manejo
Primeiro (obrigatório), a cobertura vegetal morta deve ser sempre completada com as próprias folhas que caem das plantas e os caules das bananeiras depois de colhidos os frutos. E se necessário, deve ser complementada com as aparas de podas de gramas e outras plantas do jardim, para que a chuva não entre na bacia.
Segundo (opcional), de tempos em tempos deve-se observar os dutos de inspeção e coletar amostras de água para exames. E observar a caixa de extravase, para ver se o dimensionamento foi correto. Essa caixa só deve existir se for exigido e pela prefeitura para a ligação do sistema com o canal pluvial ou de esgoto, quando esse vier a existir.

 

4. CONSTRUÇÃO PASSO-A-PASSO

a) Orientação em relação ao sol
Como a evapotranspiração depende em grande parte da incidência do sol, a bacia deve ser orientada para a face norte (no hemisfério sul) e sem obstáculos como árvores altas próximos à bacia, tanto para não fazer sombra como para permitir a ventilação.

b) Dimensionamento
Pela prática, observou-se que 2 metros cúbicos de bacia para cada morador é o suficiente para que o sistema funcione sem extravasamentos. A forma de dimensionamento da bacia é: largura de 2m e profundidade de 1m. O comprimento é igual ao número de moradores usuais da casa. Para uma casa com cinco moradores, a dimensão fica assim: (LxPxC) 2x1x5 = 10 m3.
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c) Bacia
Pode-se construir a bacia de diversas maneiras, mas visando a economia sem descuidar da segurança, o método mais indicado de construção das paredes e do fundo é o ferrocimento, como se pode observar na fotos abaixo. As paredes ficam mais leves, levando menos materiais. O ferrocimento é uma técnica de construção com grade de ferro e tela de “viveiro” coberta com argamassa. A argamassa da parede deve ser de duas (2) partes de areia (lavada média) por uma (1) parte cimento e argamassa do piso deve ser de duas (3) partes de areia (lavada) por uma (1) parte cimento. Pode-se usar uma camada de concreto sob (embaixo) o piso caso o solo não seja muito firme.

d) Câmara anaeróbia
Depois de pronta a bacia e assegurada sua impermeabilidade, mantendo-a úmida por três dias, vem a construção da câmara que é super facilitada com o uso de pneus usados e o entulho da obra. Como mostra a foto abaixo, a câmara é composta do duto de pneus e de tijolos (bem queimados) inteiros alinhados ou cacos de tijolos, telhas e pedras, colocados até a altura dos pneus. Isto cria um ambiente com espaço livre para a água e beneficia a proliferação de bactérias que quebrarão os sólidos em moléculas de micronutrientes.

e) Dutos de inspeção e camadas porosas de materiais
Neste ponto pode-se iniciar a fixação dos 3 dutos de inspeção (50mm) e coletas de amostras de água. Depois são colocadas as camadas de brita (10 cm), areia (15 cm) e solo (30 cm) até o limite superior da bacia. Procure usar um solo rico em matéria orgânica e mais arenoso do que argiloso.

f) Proteção
Como a bacia não tem tampa, para evitar o alagamento pela chuva, ela deve ser coberta com palhas. Todas as folhas que caem das plantas e as aparas de gramas e podas, são colocadas sobre a bacia para formar um colchão por onde a água da chuva escorre para fora do sistema. E para evitar a entrada da água que escorre pelo solo, é colocada uma fiada de tijolos ou blocos de concreto, ao redor da bacia para que ela fique mais alta que o nível do terreno.

g) Plantio
Por último, deve-se plantar espécies de folhas largas como mamoeiro (4), bananeiras (2), taiobas, caetés, etc. As bananeiras podem ser plantadas de diversas maneiras. Preferível o rizoma inteiro ou uma cunha (parte de um rizoma) com uma gema visível. Após fazer os buracos (no mínimo 30x30x30 cm) deve-se enchê-las com bastante matéria orgânica (palhas, folhas, etc.) misturada com terra. O rizoma deve ficar há uns 10 cm, em média, abaixo do nível do solo. Quando plantada a partir de rebentos (mudas), posicione-os inclinados para fora, isso facilitará a colheita e o manejo das bananeiras.

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