“Cidadania participativa e ações sustentáveis"

TRABALHO ESCRAVO

Existe, está bem aqui em baixo de nossos narizes.
Ontem pude constatar tamanho drama humano, que parece não ter fim, século após século.
O grupo da vez são os vendedores de redes, mantas, xales, sim, esses moços que nos oferecem uma rede baratinha da Paraíba.

O Município de São Bento, ou São Bento das Redes, como ficou conhecida essa cidade de importante economia têxtil, produz mais de 12 milhões de redes por ano, soma-se ainda outros produtos nas mesmas linhas de fabricação, como xales, mantas e afins, sendo uma importantíssima fonte de renda para o município de pouco mais de 30 mil habitantes.
Os jovens do município, geralmente com pouca escolaridade entregam-se à atividade de vendedores de redes, seduzidos por pela viagem para o Brasil todo, chegando ao extremo Sul, na boleia do caminhão carregado com redes, sonhos e ESCRAVOS.
Esses moços recebem dinheiro adiantado do "gato" para gastar na cidade natal, e em seguida embarcam na aventura, sem carteira de trabalho, sem registro de qualquer tipo e já com uma pequena dívida que só se fará crescer ao longo dos 4 meses que ficarão longe de casa.
Os moços saem com o carrinho carregado (inclusive com mantas chinesas) e quando são abordados pelas fiscalizações gerais dos municípios que coíbem a venda por ambulantes, perdem todo o material de trabalho, ganhando mais uma dívida junto ao dono das redes e do caminhão.
Assim, as dívidas, como a do grupo que se encontra hoje em Ribeirão Preto, pode começar em R$1.000,00 e chegar a R$26.000,00, como relatado pelo jovem de 17 anos, que foi ontem autuado em Ribeirão Preto, pela fiscalização geral.
Amedrontado e vítima de escravidão o jovem J.C. já devia R$5.000,00 ao gato e se perdesse mais essa carga somaria mais R$1.000,00 à dívida.
Inconformado com a situação quis convencê-lo a denunciar, mas ele se negou a aceitar, com medo de represálias à sua família.
Despedí-me do moço e procurei o Ministério Público Federal do Trabalho, que aceitou a denúncia de Trabalho Análogo à Condição de ESCRAVO.
Ainda enquanto eu tentava convencer o moço a denunciar ele me perguntou "Se tu me libertar eu vou poder assistir a Copa na minha Terra ?"

PASSA O TEMPO - ESTAMOS NO DIA 17 DE OUTUBRO DE 2017 e o Presidente da República edita uma portaria diminuindo o poder de fiscalização dos Delegados do Trabalho, na busca e libertação de pessoas colocadas na situação analoga à de escravo. 
Tanta terra, tanta tecnologia, tantos aplicativos, tantas oportunidades perdidas e ainda se pensa em escravizar alguem ? Velho mundo repaginado !
Que venha a justiça aos injustiçados e que os escravocratas se libertem de suas amarras semeadas em outras vidas.
Que venha o respeito à vida, à liberdade e o amor.

Eu voto distrital

    Eu Voto Distrital