Já aqui na nossa terrinha, nossa cultura tomou outro rumo, tornamos-nos "possuidores de coisas" criamos um direito e uma legislação que garante a propriedade, de forma que isso também se enraizou de forma cultural, quem aqui não diz "esse lugar no sofá é meu" ? Se nós temos propriedade de coisas não abrimos mão de tê-la e não permitimos que se turbem essa situação, por esse ponto de vista sozinho o comunismo já não funciona, por mais altruístas que possamos nos sentir, "damos" apenas o que nos excede, e nos achamos caridosos. Como fica então a distribuição de terras e áreas urbanas ? Sem intervenção do governo é impossível que não haja conflitos, como o ocorrido em Ribeirão Preto, no mes de Julho do ano passado, na favela da Família, como o caso do Pinheirinho em São paulo e muitos outros conflitos rurais por todo o Brasil. A melhore forma de evitar-se os conflitos é se antecipar-se ao caos. A administração local deve usar de todos os meios para não permitir que aglomerações urbanas fora das regras de direito, se formem. Uma vez formada, há também solução, mais complicada mas há. Isso se chama conciliação, mas para isso deve haver comprometimento. Há equações que podem perfeitamente combinar CAPITAL e HUMANIDADE, PROPRIEDADE e DIGNIDADE. Não é preciso renascer Xavante. Tó oibá.
Aqui em Ribeirão Preto, funciona mais ou menos assim, nós tínhamos algumas estruturas municipais que faziam todo o serviço de manutenção da cidade, fossem Dermurp, Dursarp e outras, eram como pedras encaixadas uma nas outras, uma servia para apoiar a outra. Com o passar do tempo elas foram substituidas pelas SUPER SECRETARIAS, e pelas EMPRESAS MISTAS de Ribeirão Preto, como Coderp e Transerp.
A concentração de poder aliada ao sucateamento do equipamento municipal favoreceu com que todo o Serviço que era pontualmente feito por funcionários municipais, começasse a ser loteado em licitações.
As Licitações então começaram a ser feitas pela Coderp que se tornou ou está se tornando o caixa para todo tipo de obra, desde que feito por "Cartas Convites" ou licitações direcionadas.
Tornou-se então a maior contratadora de empresas de Terceirização que o município já viu. Essas empresas terceirizadas contratam então muita gente, o que seria contra-proditivo do ponto de vista econômico, mas sustentável do ponto de vista político.
Assim, as pedras não se encaixam mais...a pedra que deveria escorar a guia, que deveria segurar a calçada, que deveria ser nivelada, para que todos pudessem passar..., desencaixou... e todos devem agora pular as pedras cada uma incomodando a outra em total desarmonia com o todo.
O empenho é maior quando se trata de "embelezar" as vias, com uma enorme quantidade de plantas e flores da nossa flora e da exótica também.
Na via norte foi plantada uma quantidade significativa de Palmeira de Bismarck, "Bismarckia nobilis", proveniente de Madagascar, África, as mais caras do mercado.
Caros(as) Leitores(as),
Feliz 2012. Mas venho pensando muito sobre o que aconteceu no ano passado e, do meu ponto de vista, o ano de 2011 ainda não acabou.
Em 2008, quando terminei meu curso de fotografias na USP, me prontifiquei a usar o Preto e Branco para registrar o que me chamasse bastante atenção, buscando uma foto jornalistica.
Saí então na noite para testar o Branco e Preto e logo pela manhã para fotografar sob as primeiras luzes.
Fui me deparando com o abandono, de crianças, jovens e adultos, o abandono dos familiares, dos amigos e do poder público.
Crianças no entorno da rodoviária, adultos nas largas avenidas, tomados pelas drogas e pelo tráfico.
Editei então minhas melhores fotos para apresentá-las no Fórum Social com o Título "Coluna Insocial".
A criança abandonada se transforma no adulto perdido.
Você sabia que tivemos um fórum em Ribeirão Preto para ajudar a planejar a nossa Cidade para os próximos 20 anos ?
A Câmara Municipal fomentou um Fórum de Discussões nas diversas áreas de interesse da cidade.
Eu, interessado que sou pela questão ambiental, me inscrevi para apresentar uma ideia boa, barata, simples e eficiente: as BETs (Bacias de Evapotranspiração), que sãouma solução já muito usada principalmente no Paraná, cujo projeto todo está aqui, no Banco de Ideias (veja no menu acima).
Fato é que acabamos discutindo também a questão do lixo e da possível Parceria Público Privada (PPP) que a atual administração planejou para a cidade.
A nossa proposta é a de respeitar a Lei de Resíduos Sólidos da seguinte forma: aproveitar ao máximo todo material reciclável e destinar o material não aplicável,devido a sua contaminação, a uma termoelétrica limpa para geração de energia elétrica.
Também propus que devessemos plantar árvores na área de concessão de pedágio, no entorno de Ribeirão Preto, ou seja, no anel viário todo, em 20 dos 30 metros que separam o asfalto da cerca. Com isso, ganharíamos aproximadamente 10 milhões de metros quadrados de arborização, derrubando a temperatura em 1ºC, ajudando o microclima.
Na manhã de sábado do dia 19/11/2011 encerrou-se a primeira etapa do Fórum sobre o meio ambiente promovido pela Câmara Municipal.
Participei do evento como convidado, apresentando o projeto das BETs (Bacias de Evapotranspiração), cujo modelo está no Banco de Ideias (veja no menu). Na ocasião, pudemos debater temas importantes, como o destino de entulho, lixo, esgoto, qualidade e desperdício de água da rede, educação ambiental e empreendimentos sustentáveis.
Uma das ações em que participo é justamente o plantio de árvores no entorno da cidade, no chamado anel viário, que tem 42km circundando a cidade com estradas. Essas estradas têm, de cada lado, 30 metros desde o acostamento até a cerca da propriedade privada, com enormes vazios arbóreos (veja a foto).
Com o plantio de árvores de diversas espécies nativas, criando um cinturão verde, imaginamos não só interligar diversos biomas através de corredores ecológicos, fazendo troca de material genético, mas também refrescar a cidade em pelo menos 1º C.
Controlar o aquecimento global também cabe a nós, a mim e a você.
Vamos plantar árvores nos bairros ?
PROJETO DE BACIAS DE EVAPOTRANSPIRAÇÃO (BETs)
1. INTRODUÇÃO
Considerando que a qualidade de vida está diretamente relacionada ao tratamento de esgoto e que por durante muitos anos o tratamento de esgoto tem sido considerado apenas pelo ponto de vista sanitário e não ambiental, já que envolve um problema de saúde pública causado pela emissão de esgoto não propriamente tratado, propomos o tratamento individual olhando para a população a partir da visão micro e não macro que se tem sobre a cidade.
Toda coleta de esgoto já é privada, ou seja é o morador quem constrói as saídas de seu esgoto até a rede pública, o que se apresenta é então o tratamento desse esgoto de forma segura, simples e relativamente barata, para o morador.
O lançamento do esgoto (tratado ou não) entretanto é feito diretamente no meio ambiente, causando assim contato e eventual contaminação de córregos, rios e lençol freático.
As BETs, Bacias de Evapotranspiração já são utilizadas em muitas cidades do Brasil como forma de tratar os resíduos de esgoto domésticos, pois são construções de alvenaria nas próprias residências que não são servidas de coleta de esgoto por meio de prestadora de serviço municipal.
2. APRESENTAÇÃO
As BETs como já informado, são construções em alvenaria que, uma vez terminadas recebem plantas bananeira, e daí serem também chamadas “Fossa de Bananeira” conforme desenho que se segue :
Aqui, vemos então um sistema fechado de tratamento de águas negras, ou sejam, as provenientes de descarga de vasos sanitários. Esse sistema não gera nenhum efluente e evita a contaminação do solo e lençol freático. Aqui os dejetos humanos são utilizados pelas plantas na forma de fertilizantes e a água é evaporada pelas folhas da bananeira, liberando no meio ambiente apenas vapor de água.
3. FUNCIONAMENTO E PRINCÍPIOS
Apenas a água negra deva ser direcionada para a BET.
A Água Cinza, proveniente de pias, chuveiro, máquinas de lavar roupas, devem ser direcionadas para outro sistema.
a) Fermentação
A água negra é decomposta pelo processo de fermentação (digestão anaeróbia) realizado pelas bactérias na câmara bio-séptica de pneus e nos espaços criados entre as pedras e tijolos colocados ao lado da câmara.
b) Segurança
Os patógenos são enclausurados no sistema, porque não há como garantir sua eliminação completa. Isto é realizado graças ao fato da bacia ser fechada, sem saídas. A bacia necessita ter espaços livres para o volume total de água e resíduos humanos recebidos durante um dia. A bacia deve ser construída com uma técnica que evite as infiltrações e vazamentos.
c) Percolação
Como a água está presa na bacia ela percola de baixo para cima e com isso, depois de separada dos resíduos humanos, vai passando pelas camadas de brita, areia e solo, chegando até as raízes das plantas, 99% limpas.
d) Evapotranspiração
Este é o principal princípio da BET, pois graças a ele é possível o tratamento final da água, que só sai do sistema em forma de vapor, sem nenhum contaminante. A evapotranspiração é realizada pelas plantas, principalmente as de folhas largas como as bananeiras, mamoeiros, caetés, taioba, etc. que, além disso, consomem os nutrientes em seu processo de crescimento, permitindo que a bacia nunca encha.
e) Manejo
Primeiro (obrigatório), a cobertura vegetal morta deve ser sempre completada com as próprias folhas que caem das plantas e os caules das bananeiras depois de colhidos os frutos. E se necessário, deve ser complementada com as aparas de podas de gramas e outras plantas do jardim, para que a chuva não entre na bacia.
Segundo (opcional), de tempos em tempos deve-se observar os dutos de inspeção e coletar amostras de água para exames. E observar a caixa de extravase, para ver se o dimensionamento foi correto. Essa caixa só deve existir se for exigido e pela prefeitura para a ligação do sistema com o canal pluvial ou de esgoto, quando esse vier a existir.
4. CONSTRUÇÃO PASSO-A-PASSO
a) Orientação em relação ao sol
Como a evapotranspiração depende em grande parte da incidência do sol, a bacia deve ser orientada para a face norte (no hemisfério sul) e sem obstáculos como árvores altas próximos à bacia, tanto para não fazer sombra como para permitir a ventilação.
b) Dimensionamento
Pela prática, observou-se que 2 metros cúbicos de bacia para cada morador é o suficiente para que o sistema funcione sem extravasamentos. A forma de dimensionamento da bacia é: largura de 2m e profundidade de 1m. O comprimento é igual ao número de moradores usuais da casa. Para uma casa com cinco moradores, a dimensão fica assim: (LxPxC) 2x1x5 = 10 m3.
c) Bacia
Pode-se construir a bacia de diversas maneiras, mas visando a economia sem descuidar da segurança, o método mais indicado de construção das paredes e do fundo é o ferrocimento, como se pode observar na fotos abaixo. As paredes ficam mais leves, levando menos materiais. O ferrocimento é uma técnica de construção com grade de ferro e tela de “viveiro” coberta com argamassa. A argamassa da parede deve ser de duas (2) partes de areia (lavada média) por uma (1) parte cimento e argamassa do piso deve ser de duas (3) partes de areia (lavada) por uma (1) parte cimento. Pode-se usar uma camada de concreto sob (embaixo) o piso caso o solo não seja muito firme.
d) Câmara anaeróbia
Depois de pronta a bacia e assegurada sua impermeabilidade, mantendo-a úmida por três dias, vem a construção da câmara que é super facilitada com o uso de pneus usados e o entulho da obra. Como mostra a foto abaixo, a câmara é composta do duto de pneus e de tijolos (bem queimados) inteiros alinhados ou cacos de tijolos, telhas e pedras, colocados até a altura dos pneus. Isto cria um ambiente com espaço livre para a água e beneficia a proliferação de bactérias que quebrarão os sólidos em moléculas de micronutrientes.
e) Dutos de inspeção e camadas porosas de materiais
Neste ponto pode-se iniciar a fixação dos 3 dutos de inspeção (50mm) e coletas de amostras de água. Depois são colocadas as camadas de brita (10 cm), areia (15 cm) e solo (30 cm) até o limite superior da bacia. Procure usar um solo rico em matéria orgânica e mais arenoso do que argiloso.
f) Proteção
Como a bacia não tem tampa, para evitar o alagamento pela chuva, ela deve ser coberta com palhas. Todas as folhas que caem das plantas e as aparas de gramas e podas, são colocadas sobre a bacia para formar um colchão por onde a água da chuva escorre para fora do sistema. E para evitar a entrada da água que escorre pelo solo, é colocada uma fiada de tijolos ou blocos de concreto, ao redor da bacia para que ela fique mais alta que o nível do terreno.
g) Plantio
Por último, deve-se plantar espécies de folhas largas como mamoeiro (4), bananeiras (2), taiobas, caetés, etc. As bananeiras podem ser plantadas de diversas maneiras. Preferível o rizoma inteiro ou uma cunha (parte de um rizoma) com uma gema visível. Após fazer os buracos (no mínimo 30x30x30 cm) deve-se enchê-las com bastante matéria orgânica (palhas, folhas, etc.) misturada com terra. O rizoma deve ficar há uns 10 cm, em média, abaixo do nível do solo. Quando plantada a partir de rebentos (mudas), posicione-os inclinados para fora, isso facilitará a colheita e o manejo das bananeiras.